O que empreendedores de olho no futuro precisam saber sobre as mudanças que as investidas de Amazon e Apple podem provocar no mercado da saúde? Saiba agora!
Há alguns anos, as empresas consideradas Big Tech começaram a se movimentar e traçar estratégias de avanço no mercado da saúde. Os primeiros movimentos aconteceram nos Estados Unidos, mas, claro, o caminho natural é que isso se torne uma tendência global.
Como leitores do Blog da Partners já sabem, observar o que se descortina para o futuro é um meio fundamental de empreendedores saberem onde direcionar esforços no presente. E o futuro do mercado da saúde, pelo que mostram importantes iniciativas atuais, tem tudo a ver com Amazon e Apple.
Os avanços no setor de saúde começaram algum tempo atrás, entretanto, a pandemia do novo coronavírus se tornou um catalisador neste cenário. Agora, as cartas postas na mesa são cada vez mais claras, e Amazon e Apple têm se destacado em suas iniciativas.
Em uma entrevista à Business Insider, Scott Galloway – escritor, empreendedor e professor da Stern School of Business da Universidade de Nova York – compartilhou algumas opiniões e impressões que ele tem dessas empresas e do atual momento que o mundo e empresários de modo geral passam.
“Temos CEOs que gastaram 96% do seu fluxo de caixa livre para recomprar ações quando os tempos eram bons, inflando seus próprios ganhos. Agora, com esse choque, dizem que estamos todos juntos nessa, é o capitalismo na ascensão e socialismo na queda. Se vamos ter o capitalismo quando os tempos forem bons, precisamos tê-lo quando os tempos forem ruins. E, francamente, acho que muitas dessas empresas precisam falir. Devemos proteger pessoas, não companhias.” Pondera Scott.
O mercado da saúde e a entrada da Amazon e Apple
Scott faz também uma avaliação interessante: ele afirma que essas grandes empresas vão focar os investimentos na área da saúde. É um setor que, até 2030, deve movimentar US$ 10 trilhões.
“A minha previsão é que, até 2025, a Amazon será a empresa de saúde que mais cresce no mundo”, afirma o escritor.
A estratégia da Amazon para avançar na saúde
Em 2018, a empresa de Jeff Bezos realizou mudança relevante no setor de saúde quando comprou a farmácia por delivery PillPack. No ano seguinte, o nome foi mudado para PillPack by Amazon Pharmacy. Foi aí que começaram as conversas com seguradoras de saúde para que os serviços farmacêuticos fossem disponibilizados para mais clientes.
Se a Amazon conseguir diminuir os preços dos medicamentos para os americanos, será um grande benefício para pacientes que sofrem com os altos valores dos medicamentos no país.
A Alexa também está prestes a se transformar num dispositivo de auxílio médico. Em 2019, a Amazon anunciou que o sistema de inteligência artificial está de acordo com uma lei de privacidade em saúde, e permite que o assistente de voz envie e receba informações de saúde.
Muitas empresas e sistemas de saúde estão desenvolvendo funcionalidades para a Alexa, para permitir que pacientes possam definir lembretes de medicamentos, façam leituras das medições de açúcar no sangue, encontrem centros de atendimento de urgência mais próximas e outras coisas mais.
Segundo a própria empresa, as funcionalidades serão feitas para ajudar clientes na gestão das necessidades e cuidados com a saúde em casa, por comandos de voz.
A Amazon também uniu forças com a Accenture e a Merck para o desenvolvimento de uma plataforma para produção de medicamentos no Amazon Web Services, o serviço de cloud da empresa.
A estratégia da Apple para avançar na saúde
O Apple Watch já é bastante popular como um smartwatch e superar concorrentes no mercado, mas a Apple quer mais: quer que o relógio seja um dispositivo de auxílio médico.
O primeiro passo foi dado em 2018, quando a autorização da Food and Drug Administration dos EUA foi concedida para a comercialização do Apple Watch integrado a um eletrocardiograma para medir a freqüência cardíaca dos usuários.
Além disso, a empresa norte americana também detém patentes para relatórios de oxigênio no sangue. Porém, ainda não o introduziu em nenhum de seus dispositivos.
Os modelos mais recentes do Apple Watch são capazes de detectar uma queda forte enquanto os usuários utilizam o relógio. Em evento passado, o recurso foi visto como um salva vidas: um Apple Watch detectou a queda de um homem e chamou automaticamente o resgate de emergência.
Atualmente, a empresa trabalha em um recurso para o Apple Watch que detecta uma condição de ritmo cardíaco chamada de fibrilação atrial, uma das principais causas de acidente vascular cerebral e hospitalização nos Estados Unidos.
O CEO da Apple, Tim Cook, sinalizou que os próximos recursos de detecção vão além dos problemas cardíacos. A Apple lançou três grandes pesquisas que vão contar com o Apple Watch para rastrear ciclos menstruais, exposição a ruídos, batimentos cardíacos e mobilidade.
A incursão da Apple nos serviços de saúde também inclui um negócio de registros eletrônicos do setor. Em 2018, a empresa lançou a Apple Health Records, em diversos hospitais parceiros. Em 2019, disponibilizou o recurso para qualquer prestador de serviços de saúde dos EUA que use registros médicos eletrônicos. E, agora, permite que pacientes com iPhones ou iPods baixem e visualizem seus registros médicos – incluindo medicamentos, imunizações e resultados de laboratório em um único local.
O mercado da saúde hoje e amanhã
O setor de saúde fomenta uma indústria de US $ 3,6 trilhões – é lucrativa demais para as empresas de tecnologia deixarem de lado.
Hoje, todo mundo tem ou já teve uma má experiências com atendimento relacionado à saúde. Nesse sentido, a entrada de grandes empresas pode favorecer e melhorar a questão da experiência das pessoas com o atendimento de saúde, já tão potencialmente delicado.
A Amazon e a Apple podem não ser tão eficazes nestes primeiros momentos, mas, de fato, vão oferecer melhores experiências para seus usuários.
O que vem no bojo disso, em termos de oportunidades de negócio no mercado da saúde, não é de todo imprevisível. Daí a importância de estarmos agora, e não amanhã, discutindo o assunto: hoje, há espaço para a criação de empreendimentos feitos para um futuro breve em que o mercado da saúde será outro, se não totalmente diferente, substancialmente transformado.
Ainda segundo Scott Galloway, não só a área da saúde é que será próspera nos próximos anos. Para ele, “é ótimo começar um negócio nas profundezas de uma recessão”. Neste momento é mais simples ter acesso a bons profissionais, imóveis e demais recursos. “Além disso, as empresas estão muito mais dispostas a experimentar coisas novas. Você tem o vento nas suas costas”, finaliza Galloway.