Por mais fechada que seja uma empresa, por mais precisos e autossuficientes os seus processos, ela nunca será uma ilha sem porto. O que a sociedade discute desembarcará inevitavelmente por ali: da política à economia, das questões sociais aos apelos midiáticos. Em alguns casos, com ímpeto suficiente para confrontar o clima organizacional já construído.
As reformas que o Governo Federal tenta implantar no país são exemplos de assuntos externos que forçam a porta, ganham os corredores e, não raro, interferem nas rotinas de trabalho. O gestor não precisa concordar com os pontos da reforma da previdência. Nem avaliar se a reforma trabalhista é ou não democrática. O que ele deve entender (e rápido) é o quanto as discussões desse tipo podem impactar na desagregação do ambiente.
Algumas pessoas, talvez por não saberem a fundo o que está ocorrendo na empresa, passam a temer pelo emprego ou pelos benefícios assegurados em sua carteira de trabalho. Outras acreditam que deverão buscar notas fiscais para continuar recebendo os salários. Muitas, enfim, acabam se deixando levar por notícias ruins, às vezes sem qualquer fundamento, disseminadas não se sabe por que nem por quem. São nessas horas que a equipe de comunicação interna precisa agir.
Aqui vão algumas dicas:
1 – Identifique o nível de turbulência interna
Pode-se fazer isso, por exemplo, por meio dos veículos internos de comunicação, que costumam se pautar por assuntos levantados junto à força de trabalho. Os canais de diálogo que permitem o envio de dúvidas e sugestões também funcionam. Por ali, fatalmente, os assuntos polêmicos virão à tona.
2 – Oriente a empresa a se posicionar
Com o problema medido, parte-se para a ferramenta-pilar em toda boa organização: a transparência. A empresa, por meio da comunicação, deve se posicionar para botar fim em qualquer boato, explicar o que está ocorrendo e mostrar como ela está inserida naquele contexto e como irá se mover caso o setor se modifique.
3 – Convide especialistas para falar sobre o tema
Uma iniciativa interessante, com grande efeito positivo, é convidar um especialista para uma palestra ou workshop. Caso não seja possível contratar um palestrante devido aos custos, faça o evento com um “prata da casa”. Em se tratando das reformas, alguém do setor jurídico ou da área contábil, com alguma desenvoltura didática, dará conta do recado.
4 – Aprofunde os assuntos nos veículos internos
Outra ação é tratar os temas nos veículos internos que levantaram a pauta. As matérias podem detalhar o assunto, sempre com o posicionamento da empresa. Uma forma de conteúdo interessante seria publicar uma entrevista com um especialista, mas com perguntas sugeridas e assinadas pelos próprios empregados.
5 – Acione as lideranças de cada área
Em algumas indústrias com grande contingente de trabalhadores, as equipes realizam encontros regulares, como as passagens de turno ou os Diálogos Diários de Segurança (DDS). Nesses eventos, os líderes normalmente abordam questões relacionadas às rotinas. Nada impede, porém, que se utilizem do espaço para debater o assunto polêmico. A empresa, claro, capacitará esses líderes para que o conhecimento seja ali multiplicado.
É bom lembrar que nenhuma polêmica resiste à transparência. Agindo dessa maneira, os gestores fortalecerão a confiança, o que costuma ser o mais forte alicerce. É a confiança que garantirá tranquilidade aos empregados, até mesmo àqueles que avistarem as tempestades que cercam a praia.